A crise da COVID-19 deixou claro que é urgente desenvolver competências de leitura autónoma e avançada para um mundo digital. Este relatório do PISA* fornece informações importantes sobre como estão os alunos de 15 anos a desenvolver essas competências de leitura para o século 21.
01-06-2021
Alfabetizar no século 21 é construir e validar conhecimentos. As tecnologias digitais possibilitaram a difusão de todos os tipos de informação, substituindo formatos tradicionais de divulgação de informação, geralmente selecionadas com mais cuidado, como enciclopédias e jornais. O enorme fluxo de informação da era digital exige que os leitores sejam capazes de distinguir entre factos e opiniões, ou mentiras e fraudes. Os leitores devem aprender estratégias de deteção de informações tendenciosas e conteúdos maliciosos, como notícias falsas e e-mails de phishing. Quanto mais informação estiver disponível, mais os leitores terão que saber como navegar pela ambiguidade, triangular e validar pontos de vista.
O relatório dos leitores do século 21 do PISA revela que o acesso dos alunos às tecnologias digitais e a formação específica variam muito, quer entre países, quer com os perfis socioeconómicos. Este relatório revela como fortalecer a capacidade dos alunos para navegar no novo mundo da informação e destaca a necessidade de os países redobrarem os seus esforços para combater as falhas na formação na competência de literacia digital.
Nos países da OCDE, cerca de 54% dos alunos referiram terem sido treinados na escola para reconhecer informações falsas. Alunos de sistemas educativos em que uma maior percentagem aprendeu como detectar informações tendenciosas na escola e que têm acesso à internet em casa, têm mais probabilidades de distinguir um facto de uma opinião na avaliação de leitura do PISA. Em média apenas 47% dos jovens inquiridos consegue distinguir um facto de uma opinião. Em Portugal são 50%.
O relatório revela ainda que, nos países da OCDE, os alunos mais desfavorecidos sentiram que a avaliação de leitura do PISA era mais difícil, do que aqueles com melhores condições socioeconómicas. Os rapazes relataram que sentiram que o teste de leitura do PISA era mais fácil do que as raparigas, embora os rapazes tivessem 25 pontos a menos do que as raparigas em leitura.
Em todos os países participantes no PISA 2018, os alunos que relataram ter lido livros em papel com mais frequência do que em formato digital têm melhor desempenho na leitura e gastam mais tempo de leitura para diversão. Em comparação com os alunos que raramente ou nunca lêem livros, os leitores de livros digitais em todos os países da OCDE lêem para se divertir, entre 3 a mais horas por semana, os leitores de livros impressos cerca de 4h, e aqueles que equilibram os dois formatos cerca de 5 horas ou mais por semana.
No que respeita às práticas dos professores, pode ser inferido que a leitura de ficção e textos longos na escola, com mais frequência, foi positivamente associada ao desempenho de leitura na maioria dos países/economias. A relação entre desempenho de leitura e tempo gasto usando dispositivos digitais para trabalhos escolares foi negativa em 36 países e economias. No entanto, essa relação foi positiva na Austrália, Dinamarca, Coreia, Nova Zelândia e Estados Unidos.
Aceda aqui ao relatório
* Uma série de relatórios sobre o Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA) da OCDE focados no desempenho dos alunos. Os relatórios geralmente comparam o desempenho escolar dos alunos (15 anos) entre os países e/ou discutem a metodologia usada para recolher os dados.
Fonte: OCDE